Ao menor sinal de dor, seja ela de
garganta, ouvido ou barriga, os pais levam seus filhos correndo para o
pediatra. Se a dor for de dente, também não pestanejam para procurar o dentista
de sua confiança. Mas quando a dor é da alma e não se manifesta fisicamente,
muitos relutam ou demoram muito tempo até procurar ajuda.
A criança, assim como o adulto, também
sente, sofre, chora, se preocupa, se entristece. Quando alguma coisa não vai
bem, seja em casa, na escola, com os amigos ou consigo mesma, ela também, se
desestabiliza, mas demonstra esse sofrimento de maneira muito peculiar, seja
agredindo os colegas, fazendo xixi na cama, chorando sem motivo, indo mal na
escola...
Na maioria das vezes as crianças são
levadas ao psicólogo apenas quando entram na escola. Isto acontece por vários
motivos. Primeiro porque na escola qualquer déficit da criança torna-se mais
aparente, seja em relação a aprendizagem, linguagem ou qualquer outra habilidade,
e é mais facilmente identificado pelos professores.
A escola também é o primeiro lugar onde
a criança tem a oportunidade de interagir socialmente, fora do ambiente
familiar. E nessa situação, o baixo repertório social fica evidente nas más relações
com os amigos, desobediência às regras e agressividade.
As queixas mais comuns são justamente
estas, ou seja, as relacionadas a comportamentos impróprios e inaceitáveis.
Quando a criança distribui socos e
pontapés aos amiguinhos, tira notas baixas, se recusa a fazer a lição, faz a
maior bagunça na casa dos avós ou volta a fazer xixi na cama, é bem mais fácil
perceber que ela não está bem.
No entanto, muitas crianças
externalizam seu sofrimento isolando-se, ficando muito quietas, apáticas, sem
demonstrar interesse por nada ou reagir a qualquer estímulo. Estas crianças não
atrapalham a aula, não envergonham os pais, mas também demonstram, à sua
maneira, que algo não vai bem e que precisam de ajuda.
A terapia infantil é bastante diferente
da do adulto. Os pais são chamados para um primeiro encontro tanto para relatar
as dificuldades do filho como para dar um histórico de sua vida. E quando a
criança chega à terapia, tem espaço para brincar, desenhar e conversar sobre
tudo o que quiser, contar seus segredos, idéias, preocupações e sentimentos.
Os pais também são importantíssimos
neste processo, no sentido de transmitir informações sobre a criança e aprender
a lidar com ela da melhor maneira possível. É essencial que estes percebam que
estão envolvidos no processo e que, juntamente com o psicólogo, são
responsáveis e capazes de propiciar um desenvolvimento emocional saudável a
seus filhos.
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