sexta-feira, 16 de março de 2012

Mentir: até quando é normal?

Quem nunca contou uma mentirinha no trabalho ou então para os amigos? Segundo a psicóloga Érika Vendramini, todos mentem e a mentira não apenas é considerada normal, como necessária para a vida em sociedade, por isso não se pode considerar todas as mentiras da mesma forma e com a mesma culpa. "Na psicologia a mentira em si não é suficiente para definir um quadro clínico. No entanto, como qualquer outro comportamento, se for excessivo e se causar prejuízo ou sofrimento (ao mentiroso ou ao outro), pode-se dizer que o mentir é patológico. Além disso, deve-se levar em consideração os sentimentos, pensamentos e propósitos que acompanham a mentira", diz ela.

De acordo com a psicóloga, existem vários tipos de mentiras. A chamada "mentira convencional" é aquela que faz as pessoas dizerem "Bom dia" às outras, sem que se esteja realmente desejando que elas tenham um bom dia. Existe ainda a "mentira carinhosa", que faz os adultos inventarem histórias como o Papai Noel para alegrar as crianças. Ou um tipo de mentira bondosa que consola um familiar à beira da morte, com um "Vai ficar tudo bem!". Ou ainda a chamada "mentira branca", quando, por exemplo, alguém pergunta se a outra pessoa gostou do seu novo corte de cabelo e essa diz que sim, mesmo não tendo gostado. Nesse caso a verdade seria uma tremenda grosseria e não traria benefício nenhum.

Além dessas mentiras sociais, também existem aqueles que floreiam uma história ao contá-las, para torná-la mais engraçada ou para atrair a atenção dos espectadores. "Todas essas mentiras são comuns e não são consideradas ruins justamente por serem esporádicas e não causarem prejuízo ao outro", diz a psicóloga.

Segundo ela, a mentira patológica é o contrário disso: quando causa prejuízo a alguém ou quando a pessoa mente sistematicamente. "As pessoas que têm o costume de mentir, sempre aumentando suas histórias, ou contando fatos que não ocorreram, acabam se enredando numa teia de mentiras para sustentar uma mentira inicial. Isso acaba por provocar grande desconforto a elas mesmas e àqueles que estão próximos", explica ela.

Nesses casos, segundo Érika, a pessoa tem consciência da mentira e continua mentindo. Ela dá um exemplo: "Imagine um mentiroso inseguro numa roda de conversa entre profissionais bem-sucedidos. Ele pode inventar que fez determinada faculdade para sentir-se no mesmo nível intelectual que os outros, ainda que tenha feito apenas um curso técnico. À medida que a conversa se estende e ele for questionado sobre onde fez faculdade, se teve aula com fulano, ou se conheceu sicrano, as mentiras vão se tornando cada vez maiores para sustentar a mentira inicial e ele não ser desmascarado".

Os motivos que levam uma pessoa a mentir sem limites são vários, dentre eles, insegurança, baixa autoestima, ou medo de não ser aceita como é. A psicóloga explica que essas mentiras costumam engrandecer suas habilidades de forma a passar uma imagem que ela julga melhor, aos outros. Trata-se de uma espécie de mecanismo de defesa contra um sentimento de inferioridade. Mente-se também para evitar consequências negativas às atitudes, ou seja, para evitar responder por alguma atitude errada que a pessoa tomou.

Érika chama atenção também para o fato de que algumas famílias estimulam a mentira. "Pode parecer banal, mas a mãe que pede ao filho para dizer que ela está tomando banho, quando na verdade não quer atender ao telefone, ou inventa uma doença para emendar o feriado e não ir trabalhar, está ensinando a criança a mentir. Também há casos de mentiras excessivas em famílias cujos pais são muito autoritários, repreensivos ou rígidos. A criança aprende a mentir para não ser punida ou para receber aprovação", explica.

Para as pessoas que sofrem disso, a psicoterapia é uma boa alternativa, pois assim o paciente poderá entender os motivos que a levam a mentir, e trabalhar uma possível insegurança ou baixa autoestima. Uma dica dada pela psicóloga para quem conhece uma pessoa que mente compulsivamente é mostrar que sabe que ela está mentindo, mas sem condená-la por isso. "Pode dizer que a ama e aceita exatamente como ela é, com suas qualidades e defeitos, sem precisar usar de artifícios. Demonstrar humildade assumindo os próprios erros também pode fazê-la enxergar que todos temos defeitos, todos erramos e que não há motivo para se envergonhar disso. E, por fim, mostrar o quanto ela se prejudica com as mentiras e até sugerir que ela procure um psicólogo também pode ser altamente benéfico", finaliza ela.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Limites na adolescência

   Limites: embora o assunto seja discutido, analisado e explicado pelos quatro cantos do mundo, muitos pais, embora saibam de sua importância, ainda encontram dificuldades na hora de colocá-los em prática.

Esse desafio torna-se ainda mais árduo na adolescência. Claro que é menos cansativo, afinal os pais não precisam mais ficar correndo atrás dos pequenos nos corredores do shopping, nem passar a maior vergonha por causa dos gritos, chutes e manhas, mas em compensação, com filhos adolescentes os pais tem que ter muito mais “jogo de cintura” na hora de colocar os limites.

Na adolescência existe um movimento natural de ruptura, de rebeldia contra as amarras, de luta pela liberdade, o que significa uma tentativa constante de romper os limites impostos pela escola, pelos pais ou pela sociedade.

Para conseguirem o que querem, os adolescentes contam com uma capacidade inestimável de se opor e com um mau humor que tira qualquer pai do sério. Isso sem falar que os jovens são mais bem informados e, portanto, mais questionadores. Por isso, não basta falar “não”, é preciso justificar com bons argumentos.

Devido a tanta dificuldade, às vezes é mais fácil ceder do que resistir e agüentar “bico” e mau humor. Sem paciência para argumentar, sem tempo para conversar e sem tolerância para aturar reclamações, muitos pais acabam abdicando da autoridade e deixando os filhos tomarem a frente das situações.

É necessário lembrar que limite é lição prá vida inteira, e tem que começar na infância. Não pegar o bebê no colo assim que ele faz manha, não ceder às birras no supermercado e castigar quando a criança morde o amiguinho só porque “estava com vontade”, já são formas de mostrar que no mundo existem regras a serem seguidas e que não podemos fazer tudo o que temos vontade.

Os limites são importantes para que, desde cedo nossos filhos aprendam a viver em sociedade, ou seja, aprender que existem regras de convivência em grupo, com seus direitos e deveres, e que suas atitudes têm conseqüências sobre a felicidade dos outros.

É a partir de regras simples como ter horário para estudar, ajudar nos afazeres domésticos e respeitar os outros que os jovens aprendem que não podem jogar álcool no mendigo e atear fogo “só de brincadeirinha”.

Além de necessários, os limites também são importantes para que os adolescentes sintam que alguém se preocupa com eles.

A transgressão de normas sociais fora de casa como explodir o vaso sanitário do colégio ou dirigir embriagado, representam um pedido de ajuda, a busca do “não” que não foi dito em casa.

Como tudo na vida, impor limites também é uma questão de bom senso. Castigos e imposições não tem utilidade se, na relação com os filhos não houver diálogo, compreensão e carinho.

É bem verdade que colocar limites é cansativo e chato, muito mais para os pais do que para os filhos. Exige dos pais muita maturidade para discernir e questionar o que são seus preconceitos e inseguranças pessoais e o que necessita realmente ser considerado inadequado para os filhos. Por outro lado, repreender ou permitir tudo dá muito menos trabalho, pois não gera conflitos nem questionamentos. No entanto, também não gera crescimento, nem dos pais, nem dos filhos.

Tenho um filho adolescente

   Até lá pelos 11 anos, você, pai ou mãe, foi um pouco herói, ídolo dos filhos. Eles mostravam que gostavam da sua companhia, admiravam seu jeito de ser. Pai e filho eram “amigões”, mãe e filha, “confidentes”.

De repente tudo começa a mudar. Surgem o mau-humor constante, as respostas grosseiras, as contestações, os bate-bocas sem propósito. Tudo o que você fala ou faz é desaprovado, criticado.

É fácil entender o quanto a adolescência é difícil para os jovens, frente a tantas modificações físicas, intelectuais, afetivas e sociais. Mas também o é para os pais, que além de sentirem-se ignorados, agredidos, se perguntam: Como lidar com essa fase, com o problema da violência, das drogas, das agressões, dos medos, da sexualidade exacerbada, da independência?

Embora delicada, essa fase passa. Isso é que é o bom: saber que, com o tempo, passa.

Uma das coisas mais complicadas é entender e aceitar o processo de crescimento e independência dos filhos.

Você acostumou-se com o olhar de carinho e confiança de seu filho dizendo: “Minha mãe que disse”, o que era suficiente para ser considerado “verdade absoluta”. Ele acostumou-se com alguém que acariciou, consolou, cuidou, contou histórias, brincou, protegeu. Por isso esse rompimento é tão difícil.

Ser pai de adolescente é saber “tirar o time de campo” na hora certa. É aprender a compreender, apoiar, dialogar, sem acobertar, superproteger.

Desde que os filhos não estejam fazendo nada que seja realmente prejudicial, o que os pais precisam é apenas entender que os filhos cresceram e aceitá-los como pessoas diferenciadas, muitas vezes totalmente diferentes do que almejaram os pais.

Como disse Kallil Gibran, “Teus filhos não são teus filhos, são filhos e filhas da vida, anelando a si própria. Embora estejam contigo, a ti não pertencem.”

Mas se vocês, pais, tiverem desenvolvido conceitos de dignidade, honestidade, respeito a si mesmo e aos outros, certamente essa fase transcorrerá com mais facilidade e sua maior tarefa terá sido cumprida: a de educar e preparar seu filho para o futuro, para a vida.

Sexualidade na infância

   Seu filho de dois anos acorda e diz: “olha como meu pipi está grandão”. Você passa pelo quarto de sua filha de cinco anos e a surpreende brincando de médico com o amiguinho. Embora esses acontecimentos façam parte da infância, da mesma forma que joelhos arranhados, os pais levam um susto quando suas crianças demonstram, abertamente, sua sexualidade.
O maior desejo dos pais é que seus filhos sintam-se bem consigo mesmos, que aprendam a expressar afeto e, no entanto, reprimem as tentativas na busca de informações e prazer.
Logo quando a criança começa a falar, ensinamos musiquinhas mostrando onde é a boca, a orelha... Já os órgãos genitais são esquecidos, ou inventam-se nomes para eles. Se nariz é nariz, por que vagina é “xoxota”? Fica parecendo que estes nomes são feios, proibidos.

Esse comportamento aumenta, ainda mais, a curiosidade sobre o seu corpo e o corpo do outro. Como essa curiosidade é muito grande, devido à criança começar a perceber as diferenças entre seu sexo e o sexo oposto, é natural que ela comece e encher os pais de perguntas e queira conhecer melhor tanto o próprio corpo quanto o do outro.

Digo que essa atitude é natural pois, tanto as perguntas como as brincadeiras (de médico ou papai e mamãe) e as carícias que a criança faz em si mesma, são totalmente desprovidas de perversão, existe apenas o sentido de curiosidade e prazer.

Assim, é importante que as respostas às perguntas das crianças sejam dadas de forma tranquila, para que elas aprendam os comportamentos adequados, mas não se inibam, pois isso poderia resultar na procura de outras fontes de informação e prazer (nem sempre adequadas). Porém os pais devem responder apenas aquilo que a criança perguntou, pois quando ela tiver condições de entender melhor, perguntará mais e mais.

Devemos nos questionar sobre como conviver com o conhecimento de que as crianças também expressam-se sexualmente, e lembrar que é nossa responsabilidade que elas tornem-se adultos sexualmente sadios, sem problemas ou disfunções sexuais, causados pela dificuldade dos adultos de lidar com esse fato.

Limites na infância

   Você, pai ou mãe na atualidade, sabe como está difícil educar os filhos, afinal, em pouco tempo, os padrões acerca da educação mudaram radicalmente.

Até aproximadamente 1950, a criança era vista como um selvagem a ser civilizado pelos adultos, que tudo sabiam. De repente, tudo mudou. Nos anos 60 e 70 imperava a teoria de que só o amor fazia uma criança crescer feliz e emocionalmente equilibrada. Era um tempo em que o querer da criança era aceito incondicionalmente (mesmo que com birras e pontapés).

Hoje em dia o desafio dos pais é encontrar um ponto de equilíbrio entre a autoridade e a liberdade na educação dos filhos e, dentro deste aspecto, mil facetas poderiam ser abordadas. Dedico-me, hoje,  a falar sobre os “limites” na educação.

Para impor limites não basta falar com autoridade, é preciso colocar regras claras e fazê-las valer. Ë preciso ter paciência para dizer “não” tantas vezes quanto necessário. A criança vai fazer cara feia, espernear, dizer que não ama mais os pais, mas essa é a hora de mostrar quem dá as cartas.

Porém, são raros os pais que conseguem fazer isso. Geralmente cedem desde que o filho ainda é bebê e basta que chore no berço para que, rapidamente, eles peguem-no no colo e levem-no para dormir na cama do casal.

 Como tudo na vida, impor limites também é uma questão de bom senso. Castigos e imposições não tem utilidade se, na relação com os filhos não houver diálogo, compreensão e carinho.

Embora seja difícil, os benefícios de colocar limites compensam, tanto para a segurança física da criança (quando impedimos que coloque o dedo na tomada), quanto na vida social, onde nem tudo o que acontece é na hora e do jeito que queremos.

Nenhuma criança, por mais inteligente que seja, pode educar a si mesma e preparar-se para a vida adulta. Esse papel pertence aos pais. Embora nenhum pai ou mãe saiba a “fórmula” correta para transformar os filhos em pessoas felizes, a única fórmula segura, é fazer tudo com amor e carinho, e, em alguns casos, a psicoterapia pode auxiliar os pais nessa difícil arte de educar.

Eu me mordo de ciúme

“Eu quero levar uma vida moderninha, deixar minha menininha sair sozinha, não ser machista e não bancar o possessivo, ser mais seguro e não ser tão impulsivo. Mas eu me mordo de ciúme...”

Assim como nesta música do Ultraje a Rigor, o ciúme sempre inspirou obras literárias, o cinema e a arte em geral. E sempre motivou tanto tragédias clássicas quanto cotidianas, nas quais se mata por ciúme, um sentimento louco, paranóico, perigoso e insuportável.

É claro que existe um outro tipo de ciúme, incômodo, mas suportável, aceitável. É o sentimento que atinge todas as pessoas, em todas as circunstâncias (ciúme do irmão mais novo, do namorado, da amiga).

Esse tipo de ciúme é imprescindível, por exemplo, num relacionamento amoroso, pois traz um sentimento de valorização própria e do parceiro, renova e conduz a um exame da relação.

O grande problema é que o ciúme sempre surge acompanhado de uma gama de sentimentos desagradáveis, como: insegurança, inveja, ameaça, medo e raiva. Ou seja, mesmo que seja “inofensivo”, a pessoa tem que aprender a lidar com ele e não se deixar consumir pela insegurança.

Uma relação na qual se desconfia de tudo o tempo todo não sobrevive, por um lado porque a insegurança e o medo da perda causam sofrimento e reduzem a auto – estima, o amor próprio, e por outro, porque não há quem suporte possessividade, cobranças e acusações infundadas por muito tempo.

A maior dificuldade é distinguir os dois tipos de ciúme (o normal do patológico) e saber controlá-los. Ele se torna patológico quando restringe a vida do casal, com situações em que se tenta controlar para quem o outro olha, com quem fala ou em que proíbe de sair de casa. Nesse sentido, é nocivo e causa prejuízos emocionais, da auto – estima e na vida social.

Embora o medo da traição seja a base do ciúme, numa pesquisa americana realizada em 37 países, constatou-se que as mulheres têm muito mais medo que seu parceiro envolva-se emocionalmente com outra mulher, enquanto que os homens temem a traição puramente sexual, ou seja, que sua parceira encontre mais prazer na cama de outro homem.

Independentemente do motivo, o ciúme é um sentimento universal, comum a todas as pessoas. A diferença é a forma como dão vazão a essa angústia, como lidam com tal sentimento. Isso é o que determina a maturidade afetiva e a estabilidade emocional de cada um. E quando a pessoa passa a não conseguir controlar esses sentimentos e atitudes, a melhor solução é procurar o auxílio de um psicólogo.

Palmadas


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?

Domingo de tarde fria e preguiçosa, nada melhor que um filminho água com açúcar na TV pra continuar em ritmo lento, só esperando a segunda chegar. Ali estava (assistindo "Imagine eu e você") quando um dos personagens, uma menininha fofa, surge com essa pergunta: “O que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?”.

Fiquei pensando, não apenas na resposta, mas em exemplos práticos dessa questão e, claro, meu “sossego dominical” acabou.

Acredito que cada pessoa seja capaz de imaginar várias situações em que esse embate ocorra, seja na física, na filosofia, na religião. Eu sou capaz de ilustrar apenas um: o emocional.

Existiria, afinal, força mais impossível de conter do que a paixão ou o amor?

Como subjugar algo que arde, descontrola e enlouquece, ao mesmo tempo que acalma, acalenta e enobrece? E por que desejar fazê-lo?

Mas há quem ignore, negue ou dissimule suas paixões. E é aí que surgem os tais objetos intransponíveis.

Não pode existir amor, paixão, desejo se a pessoa amada coloca limites intransponíveis.

Para a paixão florescer ela precisa de terreno fértil, não de muros.

E haverá muro maior do que o medo de amar, de ser amado, de viver uma paixão avassaladora?

Amor e medo, entrega e contenção, não podem existir juntos, não há espaço. Um arrebata, outro freia.

Aí voltamos à questão: o que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?

Pra mim a resposta é única: NADA!


Assim, deixo os limites intransponíveis pra quem gosta deles. E sigo meu caminho amando, porque como bem disse Vinícius de Moraes, “a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”. Eu quero amar e viver... “irrefreavelmente”.

(Texto escrito em 20/09/2010 e publicado no meu blog da época: euacreditoemfadasacreditoacredito.blogspot.com)

O belo


Existem filmes, assim como livros, poemas e músicas, que nos tocam profundamente a cada vez que assistimos. Ontem assisti, pela terceira ou quarta vez, o filme “Beleza Americana” e, novamente estou refletindo à respeito. Sempre uma reflexão nova, já que momentos diferentes levam a percepções e emoções diferenciadas, mas novamente intensa.
Neste momento, em que convivo com a beleza e a podridão humanas (inclusive as minhas), vejo como as pessoas estão cada vez mais distantes de si mesmas.
Explicações são muitas: a correria do dia-a-dia, altas exigências, a competitividade no trabalho, a eterna falta de tempo...
Mesmo assim impressiono-me ao vê-las tão desligadas de seu mundo interior.
Hoje em dia o ser humano não mais vive, ele atua. Frente às dificuldades, quando ele não se esquiva, ele age. Resolve o problema de modo muito prático e eficiente, sem parar pra pensar, sem tentar entender, apenas age, faz, atua. E o emocional, como fica? Não fica! Às vezes nem existe! Essa é a resposta.
Não há tempo de sofrer, de aprender com a situação, de chorar. Enfia-se a sujeira embaixo do tapete.
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Valoriza-se o belo, a vitória, o status, a aparência. O interior vai se esvaindo e sobra só o buraco. Talvez por isso exista tanta gente dizendo sentir “um vazio” no peito, na vida.
Como a linda rosa do filme: perfeita, viçosa, de encher os olhos, mas sem perfume.
Já imaginou isso? A mais bela flor sem perfume? De que vale uma flor se não pra cheirar, pra perfumar?
De tempos em tempos ouço a pergunta: “É impressão minha ou as pessoas estão cada vez mais doentes?”. Não é impressão, não. Doenças físicas, doenças do coração, doenças da alma.
Não é à toa. Cadê seu tempo pra você, cadê seu cuidado consigo mesmo, cadê você? Qual foi a última vez que chorou, que pediu colo, que riu como criança, que se deixou sofrer, que admitiu medo, que disse “eu não sei”, que amou, que viveu?
Chega de colocar curativos nas feridas. Vamos esfregar com água e sabão pra limpar direito e fazer sarar.
Não tenha medo de se olhar no espelho, se conhecer, tocar sua alma. Você descobrirá muitos podres, com certeza, mas descobrirá a pessoa mais bela que existe: você mesmo!

Quando a criança precisa de psicoterapia


Ao menor sinal de dor, seja ela de garganta, ouvido ou barriga, os pais levam seus filhos correndo para o pediatra. Se a dor for de dente, também não pestanejam para procurar o dentista de sua confiança. Mas quando a dor é da alma e não se manifesta fisicamente, muitos relutam ou demoram muito tempo até procurar ajuda.

A criança, assim como o adulto, também sente, sofre, chora, se preocupa, se entristece. Quando alguma coisa não vai bem, seja em casa, na escola, com os amigos ou consigo mesma, ela também, se desestabiliza, mas demonstra esse sofrimento de maneira muito peculiar, seja agredindo os colegas, fazendo xixi na cama, chorando sem motivo, indo mal na escola...

Na maioria das vezes as crianças são levadas ao psicólogo apenas quando entram na escola. Isto acontece por vários motivos. Primeiro porque na escola qualquer déficit da criança torna-se mais aparente, seja em relação a aprendizagem, linguagem ou qualquer outra habilidade, e é mais facilmente identificado pelos professores.

A escola também é o primeiro lugar onde a criança tem a oportunidade de interagir socialmente, fora do ambiente familiar. E nessa situação, o baixo repertório social fica evidente nas más relações com os amigos, desobediência às regras e agressividade.

As queixas mais comuns são justamente estas, ou seja, as relacionadas a comportamentos impróprios e inaceitáveis.

Quando a criança distribui socos e pontapés aos amiguinhos, tira notas baixas, se recusa a fazer a lição, faz a maior bagunça na casa dos avós ou volta a fazer xixi na cama, é bem mais fácil perceber que ela não está bem.

No entanto, muitas crianças externalizam seu sofrimento isolando-se, ficando muito quietas, apáticas, sem demonstrar interesse por nada ou reagir a qualquer estímulo. Estas crianças não atrapalham a aula, não envergonham os pais, mas também demonstram, à sua maneira, que algo não vai bem e que precisam de ajuda.

A terapia infantil é bastante diferente da do adulto. Os pais são chamados para um primeiro encontro tanto para relatar as dificuldades do filho como para dar um histórico de sua vida. E quando a criança chega à terapia, tem espaço para brincar, desenhar e conversar sobre tudo o que quiser, contar seus segredos, idéias, preocupações e sentimentos.

Os pais também são importantíssimos neste processo, no sentido de transmitir informações sobre a criança e aprender a lidar com ela da melhor maneira possível. É essencial que estes percebam que estão envolvidos no processo e que, juntamente com o psicólogo, são responsáveis e capazes de propiciar um desenvolvimento emocional saudável a seus filhos.

Pais, aproveitem as férias, curtam seus filhos!


Durante a vida toda, os pais são os principais personagens, a maior influência para os filhos.

Até os 5 anos, a criança idealiza os pais, considera-os perfeitos, porque depende deles para tudo. Através de seus exemplos, terá suas primeiras experiências, imitará os seus gestos, repetirá suas palavras, aprenderá os primeiros passos.

Ela busca suas respostas apenas junto aos pais, e tudo o que disserem será encarado como verdade absoluta. Quem nunca ouviu seu pimpolho dizer, sem sombra de dúvida, “Minha mãe que disse!” ?

Apenas perto da pré-adolescência essa “idolatria sem limites” modifica-se. Os filhos aprender a questionar, a confrontar os valores dos pais com os que recebem do mundo e começam, então, a optar por seus próprios caminhos, suas próprias verdades.

O crescimento de uma criança é o resultado de sua relação com os pais. Ela têm necessidade de ser ouvida, compreendida e ter suas solicitações de fome, sono, diversão e afeto atendidas. Quanto mais protegida e amada uma criança sente-se, maior é a probabilidade de tornar-se um adulto seguro de si mesmo e capaz de escolher os melhores caminhos.

Devido a esses motivos é tão importante que os pais dediquem um tempo de seu dia exclusivamente para os filhos.

Porém, como tempo para a família é “mercadoria rara” hoje em dia, o jeito é compensar a falta de quantidade com qualidade. Como??? Não levando trabalho para casa, tirando férias, ligando para a casa durante o dia e aproveitando as oportunidades que têm com os filhos, na hora de preparar o jantar, de ajudar na lição de casa e, principalmente, de brincar.

O mais importante é que os pais estejam acessíveis, não apenas para que as crianças possam recorrer a eles quando precisam de ajuda ou têm dúvidas, mas, principalmente, para dividir as descobertas de seu próprio universo.
Por isso, pais, aproveitem as férias escolares de seus filhos. Parem um pouco de reclamar do barulho, da desordem da casa. Baguncem, deitem e rolem junto com seus filhos, e vocês descobrirão a riqueza do universo infantil e a beleza única de participar do crescimento do seu filho.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O primeiro dia de aula

Enquanto as crianças choram sem parar de um lado, os pais ficam com o coração na mão do outro lado do portão da escola. Os primeiros dias de aula quase sempre são assim, delicados para pais e filhos.

Para os filhos porque têm que enfrentar situações novas: separar-se dos pais, adaptar-se ao ambiente escolar e às exigências do processo educacional.

E para os pais porque nem sempre estão convencidos de sua decisão de colocar seus “pequenos” na escola. Será que ele vai se acostumar? Será que vai ficar traumatizado por ficar sozinho tão cedo? Será que essa é a melhor escola?

O que eles não sabem é que essas ansiedades e dúvidas estão diretamente relacionadas com a dificuldade de adaptação da criança.

Por este motivo é imprescindível que, quando a criança for entrar na escola, todos estejam convencidos de que essa é a melhor decisão.

Racionalmente, não há dúvidas: o ingresso no escola é sempre positivo.

É graças à escola e as atividades que exigem que a criança acostume-se a esperar sua vez, dividir os brinquedos, sentar-se na hora que pedem, evitar o que é proibido e expressar o que pensa, que ela aprende a respeitar regras e limites e exercer suas habilidades sociais e emocionais, tornando-se mais segura e independente.

Existem algumas soluções para minimizar o sofrimento de pais e filhos que estão prestes a se separar:

· Em primeiro lugar, ao escolher a escola, opte por uma cuja orientação combine com o jeito da família e que ofereça, antes de mais nada, um ambiente estimulante e seguro, supervisionado por adultos preparados.

· Preparar a criança também é indispensável. Escolha uma escola que tenha uma política de adaptação lenta e gradual. Leve a criança para conhecer a escola, comprar os materiais, fale sobre o que ela vai encontrar lá, enfim deixe-a familiarizada, segura e motivada com a idéia.

· No primeiro dia, certifique-a de que estará por perto se precisar. 

· Se na hora da chegada à escola ela chorar, vá adiante e ajude-a a se integrar com os amigos e insista lembrando-a de todas as coisas divertidas que encontrará. Ao sair, despeça-se. Sair escondido gera desconfiança.

· Combine o horário de buscá-la e cumpra pontualmente.
· Se no início a criança chorar muito, mostrar-se apática, agressiva ou hiperativa, é sinal de que a adaptação está sendo muito difícil. Nesse caso, mantenha a calma e espere ela adaptar-se devagar, mesmo que isso demore mais do que você imaginava.

A primeira grande separação é sempre muito dolorosa tanto para os pais quanto para as crianças, então, separe uma dose extra de atenção, carinho e amor, pois seu filho precisa de sua ajuda para tornar esse processo mais tranquilo e prazeroso.

http://www.aspmi.com.br/v2/aspminoticias/edicoes/fevereiro2010/8.pdf