Esse
desafio torna-se ainda mais árduo na adolescência. Claro que é menos cansativo,
afinal os pais não precisam mais ficar correndo atrás dos pequenos nos
corredores do shopping, nem passar a maior vergonha por causa dos gritos,
chutes e manhas, mas em compensação, com filhos adolescentes os pais tem que
ter muito mais “jogo de cintura” na hora de colocar os limites.
Na
adolescência existe um movimento natural de ruptura, de rebeldia contra as
amarras, de luta pela liberdade, o que significa uma tentativa constante de
romper os limites impostos pela escola, pelos pais ou pela sociedade.
Para
conseguirem o que querem, os adolescentes contam com uma capacidade inestimável
de se opor e com um mau humor que tira qualquer pai do sério. Isso sem falar
que os jovens são mais bem informados e, portanto, mais questionadores. Por
isso, não basta falar “não”, é preciso justificar com bons argumentos.
Devido a
tanta dificuldade, às vezes é mais fácil ceder do que resistir e agüentar
“bico” e mau humor. Sem paciência para argumentar, sem tempo para conversar e
sem tolerância para aturar reclamações, muitos pais acabam abdicando da
autoridade e deixando os filhos tomarem a frente das situações.
É
necessário lembrar que limite é lição prá vida inteira, e tem que começar na
infância. Não pegar o bebê no colo assim que ele faz manha, não ceder às birras
no supermercado e castigar quando a criança morde o amiguinho só porque “estava
com vontade”, já são formas de mostrar que no mundo existem regras a serem
seguidas e que não podemos fazer tudo o que temos vontade.
Os limites
são importantes para que, desde cedo nossos filhos aprendam a viver em
sociedade, ou seja, aprender que existem regras de convivência em grupo, com
seus direitos e deveres, e que suas atitudes têm conseqüências sobre a
felicidade dos outros.
É a partir
de regras simples como ter horário para estudar, ajudar nos afazeres domésticos
e respeitar os outros que os jovens aprendem que não podem jogar álcool no
mendigo e atear fogo “só de brincadeirinha”.
Além de
necessários, os limites também são importantes para que os adolescentes sintam
que alguém se preocupa com eles.
A
transgressão de normas sociais fora de casa como explodir o vaso sanitário do
colégio ou dirigir embriagado, representam um pedido de ajuda, a busca do “não”
que não foi dito em casa.
Como tudo na
vida, impor limites também é uma questão de bom senso. Castigos e imposições
não tem utilidade se, na relação com os filhos não houver diálogo, compreensão
e carinho.
É bem
verdade que colocar limites é cansativo e chato, muito mais para os pais do que
para os filhos. Exige dos pais muita maturidade para discernir e questionar o
que são seus preconceitos e inseguranças pessoais e o que necessita realmente
ser considerado inadequado para os filhos. Por outro lado, repreender ou
permitir tudo dá muito menos trabalho, pois não gera conflitos nem
questionamentos. No entanto, também não gera crescimento, nem dos pais, nem dos
filhos.
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